Gen Heleno na visão do escritor e economista Waldo Luís Viana
*Waldo Luís Viana é escritor e economista.
Rio de Janeiro, 23 de abril de 2008.
Viva! Afinal, temos um líder militar sem pijamas ou de terninho Armani. O general Heleno, alimentando o nosso imaginário, apresenta-se com farda de combate e o que é mais impressionante: ele fala!
Nós que estamos acostumados há tanto tempo com a imbecilidade civil, tão evidente e cansativa, agora temos novidade. Ele diz coisa com coisa e se refere a temas velhos, como soberania, aparelhamento das Forças Armadas, proteção ao nosso território e políticas públicas de segurança. Meu Deus! Estamos voltando aos bons tempos, em que os militares não tinham vergonha de ser milicos!
E o mais importante. Ele falou e não foi desmentido. Que diferença entre a farda de bravura do general e a outra, do comandante Zero, fingindo-se de líder da tropa. O país agradece a nostalgia e parece até que estamos protegidos e não vamos perder metade do ex-território de Roraima.
Os grupos indígenas, tão protegidos pelos norte-americanos, que na terra deles dizimaram quase todos, agora querem cuidar de nossos silvícolas, demonstrando amor inaudito por nossos aborígenes tão sofridos, com tênis adidas e outros confortos da civilização.
Nossos índios exploram garimpos, expulsam fazendeiros sem ser do MST, vendem lotes de plantas nativas com valor biotecnológico e até nosso ministro da Justiça já percebeu que se expressam em inglês e francês, porque nossa língua-pátria é sinal de exploradores. Eles preferem, naturalmente, as ONGs libertadoras de nossas fronteiras nacionais, os que se fingem de missionários e caçadores de borboletas ingleses.
As terras dos índios, conforme esses anti-brasileiros, têm que ser contínuas, como protetorados maiores que nações européias, enquanto assistimos à tomada de nosso território sem pensar em qualquer cláusula pétrea. São "nações expropriadas" e, sob tal conceito, deveríamos devolver São Paulo aos tupi-guaranis e o Rio de Janeiro, aos tapuias. A mesma lógica faria a devolução do bairro da Barra da Tijuca ao ex-proprietário que a arrendou como chácara por doação perdulária de D. João VI, no Rio de Janeiro. Através dessa lógica, recuaríamos a Phroudon e declararíamos que "toda propriedade é um roubo". Se assim é, quem estava lá antes é o dono e pronto, vamos
retroceder a antes de Cabral, que não descobriu nada, porque no país já estavam alguns espanhóis e um monte de índios e fazer nossas crianças decorarem aquele livrinho marxista "história da riqueza do homem" como nova bíblia. Seria o "criacionismo da exploração"...
Pois bem, surge o general Heleno e com clareza meridiana,como costuma acontecer na exposição dos generais, que o Brasil é Brasil e não pode ser alugado a ONGs estrangeiras, que vão patentear até rapadura no Japão. Que os índios têm que ser protegidos em suas tradições, ajudados por estatutos especiais, mas lembrados de que, antes de tudo, são brasileiros que nem nós, sujeitos aos árduos deveres de sobreviver sob o governo do PT e com o bolsa-família. As Forças Armadas, que todo ano pedem ao governo civil do mensalão dez por cento de reajuste salarial para sobreviver e melhoria no maquinário sucateado para combater, deveria lembrar às nossas autoridades civis que um país só se mantém – apesar da romântica solidariedade latino-americana – se tiver força de dissuasão militar, que não é construída com carnaval, dengue nem com os selinhos de amor de nosso ministro Gil.
O Comando Militar da Amazônia é tropa de machos reconhecida no mundo inteiro. Não irá permitir que a fronteira seca (nem molhada) do país seja cercada por entidades estrangeiras, fingindo assistência humanitária, para diminuir nosso território e nossa soberania.
Fala, pois, Heleno! Os brasileiros apóiam-no e agradecem.
Quem sabe, após tantos anos, surge um líder militar para nos ensinar
um pouco de dever, sob um governo que finge incluir aos brasileiros
tantos direitos enquanto nós nos sentimos cada vez mais abandonados e
desvalidos?
Ou será que calarão nosso general Heleno e deveremos desde já
aprender tupi-guarani em inglês?
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